Vídeos permitiram ao MP-SP recriar a cronologia daquela madrugada. Na época, os policiais disseram que perseguiam criminosos que se infiltraram no baile e que teriam reagido só depois de serem hostilizados, mas, de acordo com a investigação, tudo aconteceu de outro jeito
Por Fantástico
25/07/2021 20h31
Veja detalhes da investigação que denunciou 12 PMs por mortes em baile funk de Paraisópolis
Na madrugada de 1º de dezembro de 2019, agentes da Polícia Militar de São Paulo fizeram uma operação para acabar com o famoso baile funk da Dz7. Nove jovens perderam a vida por asfixia. Esta semana, o Ministério Público do estado denunciou 12 PMs pelas mortes por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.
Vídeos permitiram ao MP recriar a cronologia daquela madrugada. Na época, os policiais disseram que perseguiam criminosos que se infiltraram no baile e que teriam reagido só depois de serem hostilizados pelos frequentadores. Mas, de acordo com a investigação, tudo aconteceu de outro jeito.
O baile funk ocorria em um trecho da Rua Ernest Renan, uma das principais vias de Paraisópolis. Para o Ministério Público, áudios e vídeos indicam que os policiais estavam em segurança pouco antes de investirem contra as pessoas que frequentavam a festa, e viaturas bloquearam as duas esquinas, aumentando cada vez mais a concentração no meio do quarteirão.
Muitas pessoas conseguiram escapar pela viela onde as nove vítimas se viram encurraladas. Segundo a denúncia, entre 5 e 8 mil pessoas buscaram essa única opção de saída. E, quando o espaço já estava completamente lotado, cinco policiais jogaram gás de pimenta, garrafas e outros objetos na direção da viela, enquanto praticavam violência psicológica.
Foi em meio a esse desespero que, segundo os laudos da perícia, nove vítimas morreram asfixiadas. A falta de espaço provocou a chamada “sufocação indireta”. A compressão do tórax impediu as expansões pulmonares necessárias para a respiração.